20 de mai. de 2004

A perdição no templo

"A linda arqueóloga inglesa Nina Hughes estava tendo dificuldades em decifrar a linguagem primitiva que cobria as paredes da recém descoberta tumba do profeta egípcio Ajantir, mas mais difícil do que entender os símbolos antigos era tirar seus belos olhos verdes dos olhos azuis de Peter Smith, seu assistente. Mesmo sob as lentes arredondadas dos óculos, o azul dos olhos de Peter provocava arrepios na coluna de Nina. E não somente os olhos: as mãos hábeis, os cabelos negros, o largo sorriso branco, os lábios carnudos...
- Ah, se eu pudesse encostar meus lábios neles - suspirou a arqueóloga.
- Eu não faria isso se fosse você, srta. Hughes: esses escaravelhos em suas mãos não parecem muito amistosos - disse o assistente.
Nina precisava tirar Peter de sua cabeça e se concentrar nos hieróglifos que cobriam as paredes da tumba: a câmara onde eles se encontravam era o salão onde Ajantir previa o futuro observando o fundo de um urinol e estava cheia de profecias que haviam se cumprido, como a ida do homem à lua, a queda do Império Romano, a final da Copa de 70 e o lançamento do Windows XP. Faltava apenas uma previsão para que o trabalho estivesse concluído, mas os símbolos estavam muito gastos pelo tempo e a presença de Peter deixava Nina inquieta. Ela mordia os lábios, pensando na nudez de Peter.
- Que tesão, srta. Hughes! - disse Peter, por cima do ombro de Nina.
- Não é um privilégio seu, Peter - disse ela, virando-se e beijando-o nos lábios.
- Eu estava me referindo àquela enorme letra gravada na parede, mas deixemos isso de lado - disse o ajudante, deitando Nina em um altar de pedra.
As paredes da tumba de Ajantir foram testemunhas de cânticos e sacrifícios humanos, mas nunca ouviram tanto barulho como quando as coisas esquentaram entre Peter e Nina. Seus corpos rolaram pela tumba empoeirada e os gritos desconexos do casal podiam ser ouvidos por todo o Mediterrâneo. Nina agarrava-se ao corpo de Peter como se sua vida dependesse disso, como se ela estivesse naufragando e o corpo musculoso de seu ajudante fosse sua tábua de salvação.
- Srta. Hughes, você é um verdadeiro achado - gemeu Peter.
- Cale a boca e vá mais fundo, Peter - disse Nina, com os dentes trincados.
- Acho melhor pararmos, srta. Hughes: eu não estou usando preservativos - disse Peter.
Mas Nina não queria saber de nada, queria apenas saciar seu desejo: jogou Peter no chão e subiu em seu colo, fazendo com que o ajudante perdesse o juízo entre suas coxas grossas. Como animais selvagens, eles urravam e gemiam, pouco se importando com o cheiro de mofo ou as estátuas sinistras que decoravam a câmara. Eis que, no exato momento que ambos atingiram o orgasmo, Nina olhou para a parede coberta de caracteres não decifrados e, como mágica, tudo pareceu fazer sentido! Horrorizada com o que leu, Nina começou a gritar:
- Meu Deus! É o fim do mundo! É o fim do mundo! - gritava a moça, vestindo a roupa.
- Também não é para tanto, srta. Hughes. Se nascer, eu juro que assumo - disse Peter, acendendo um cigarro".

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