28 de jul. de 2004

Onde as mulheres têm o cabelo mais crespo

"Poucas coisas agradavam mais a jovem Vitoria Dallman do que sentir em sua alva pele o calor da selva africana. Não que Vitoria desgostasse da Inglaterra, mas a jovem a achava muito fria e cinzenta. A África, sim, a atraía: era colorida, quente, perigosa, excitante - talvez não tão excitante como as pernas musculosas de Kangobi, o jovem nativo que guiava o safari promovido pelo marido de Vitoria, o banqueiro Nigel Dallman. Aliás, o corpo de Kangobi era uma das poucas coisas que fazia a alva pele arder de calor, mais ainda que o clima da selva africana.
- Devemos acampar aqui hoje, senhor Dallman - disse o núbio.
- Mesmo? E por que devemos acampar aqui, mestre Kangobi? - disse Nigel, com a voz carregada de desprezo.
- Estamos próximos do território dos N'ghoma e logo vai anoitecer. É mais seguro acamparmos por aqui hoje e amanhã seguirmos pelo rio - falou Kangobi, plácido.
- Não vejo porque temer esses tais N'ghoma, mas confesso estar cansado. Cansada, minha querida? - Nigel perguntou olhando nos olhos de Vitoria.
- Por demais, meu querido. Existe algo na floresta africana que faz com que eu queira permanecer o dia inteiro na cama - Vitoria disse, hipnotizada pela presença de Kangobi.
A fogueira foi acesa e todos deitaram-se em volta do fogo. Se Nigel não estivesse inconsiente pelo excesso de whisky, estranharia o sono agitado de Vitoria, que rolava de um lado para o outro da cama improvisada. Em seus sonhos, Vitoria era possuída por Kangobi de um jeito animal, violento e que ia contra tudo que a Igreja Anglicana pregava. Vitória despertou, cabelos louros desarrumados e a pele ardendo qual febre de Malária, e correu para o rio, pois precisava que as águas limpas do rio Jantu lavassem a luxúria de sua mente. Ningel podia ser um bêbado esnobe, mas era seu marido e casamento era algo sagrado para Vitoria. Por que diabos tinha que se sentir atraída pelos olhos negros e profundos de Kangobi? Pelo peitoral musculoso de Kangobi? Vitoria precisava se lavar, lavar os pecados de sua cabeça.
- Não é aconselhável banhar-se aqui, sra. Dallman - sussurrou uma voz grave.
- Quem está aí? Não venha aqui, estou nua - disse Vitória, saindo da água tentando cobrir-se.
- Eu estou vendo, sra. Dallman - era Kangobi, que saía de trás dos arbustos.
- Kan... Kangobi? - balbuciou Vitoria, deixando o vestido cair de suas mãos.
- A senhora poderia ter sido devorada por um crocodilo. A senhora não quer ser comida, quer? - perguntou o guia.
- Bem... eu... eu... - Vitoria vacilou. Não sabia como responder aquela pergunta e não conseguia tirar os olhos dos olhos de Kangonbi.
- A senhora está bem, sra. Dallman? - perguntou o núbio.
- Beije-me, Kangobi - Vitoria atirou-se nos braços de Kangobi.
O desejo finalmente venceu o pudor de Vitoria e ela se entregou a Kangobi nas margens do rio Jantu. Ela explorava com as mãos o corpo musculoso do guia e, quando abriu os olhos e olhou por cima do ombro de Kangobi, a expressão de prazer foi substituida por outra, de espanto.
- Corra, Kangobi! É uma mamba negra! Ela vai dar o bote - grita, histérica, a inglesa.
- Calma, sra. Dallman. Deixe-me ensinar-lhe uma coisa ou outra sobre os filhos da África - disse o guia, beijando os lábios de Vitoria".

Nenhum comentário: